O telefone tocou eram 4 da manha. Tinha adormecido no sofá
Percorri a sala, em cima da mesa as velas ainda estavam acesas, mas já quase no fim, era mais cera que o castiçal. A mesa ainda estava posta, à espera de quem não chegou a tempo de celebrar o fim de ano.
-Onde estas? Estou a tua espera a horas..que se passa
- Pedimos desculpa de lhe ligar a esta hora, O senhor é familiar de um Senhor Ryu?
_ Sim de certa forma sim, mas o que se passa…
A conversa tornou totalmente surda, deixei de ouvir, o meu mundo tinha acabado ali.
A palavra nunca mais tornava-se agora uma realidade.
4 dias depois de o terem cremado, bateram-me à porta de casa. A mãe dele com toda a frieza oriental informou-se que eu tinha que arrumar as minhas coisas e sair da casa uma vez que eu não era dono da casa. Apesar de perceber que não valia a pena, tentei ganhar tempo…mas não se discute com uma japonesa, muito menos com temperamento carioca.
Assim, no dia 4 Janeiro, tudo ficou para trás. Fiquei sem nada, só com a roupa que tinha no corpo e cinco pedras que ele me tinha dado numa ida a praia.
O que ninguém me pode tirar foram os momentos e partilha de 2 anos com uma pessoa especial que me ensinou muito sobre a vida. Foi o meu primeiro amor, o meu primeiro beijo.
Dia 22 de Fevereiro desse mesmo ano, era o dia do seu aniversario. Sentia uma necessidade grande de estar perto dele e por isso foi a praia onde ele me tinha beijado a primeira vez..
No meu bolso estavam cinco pedras pretas que eu tinha guardado. Era tudo o que me restava dele. Eram as memórias de uma tarde passada ali só à conversa e a atirar pedras mar.
Cavei um buraco na areia, e enterrei as pedras. Foi a minha maneira de lhe dizer adeus para continuar com a minha vida.
Se este blog serve para fazer ir, também serve para fazer reflectir sobre as coisas que fazem parte da nossa vida. Uma delas é o facto de não existir uma lei que proteja os nosso direitos. Talvez um dia que os políticos usem aquilo que têm entre as pernas ganhem coragem e façam uma lei que reconheça os casais homossexuais sem terem medo de perder eleições.
5 comments:
Muito bonito este post! Apoiado e grato pelo momento de reflexão! Melhores dias virão, acredito! Abraço
Been there!!!
Same story...
partilhas como a que acabaste de fazer podem ajudar a mudar esta mentalidade da treta que n respeita o direito de amar.
*peace*
ao ler a história, continuei de boca aberta, aos poucos vai-se percebendo, o que li foi uma história de amor, só, de quem não interessa, indfelizmente com um fim trágico, mas uma História de amor, sinto muito por ti, e mais uma vez parabéns.
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