Friday, 30 November 2007

Poema em linha recta revisitado ou então, hoje acordei tão Morrissey que nem o dia de sol me levanta a alma.

Cada vez mais tenho vontade de ser Homofóbico.

Não acredito no orgulho hetero ou gay. Somos apenas seres humanos.

Apenas sexualidades diferentes.

A afirmação sexual, através do sexo, é para mim mais repugnante que comer lixo as colheres.

Tenho a minha sexualidade resolvida, mas isso não quer dizer que tenha que a gritar ao mundo. - Olá mundo, Eu gosto de caralho.!

Tou farto deuses e semideuses, de bichas armadas em metro sexuais.

Arre, tou farto! Sempre os mesmos risos, as mesmas caras, a mesmas poses, até mesmo, a mesma tristeza interior.

São cópias deles próprios. Vivem bêbados com sucesso provinciano e instalado de sicrano e beltrano, dos quais são amigos pela frente, cascaveis pelas costas.

E, eu que tantas vezes tenho sofrido num simples olhar o - “ai querida, tas tão gorda, contigo no elevador não vou, não me chamo titanic”. Eu, que tantas vezes me tenho sentido sujo, alegremente maltrapilho com as minhas Sanjo brancas no meio, dos pumas das nike e das adidas Y2.

Quase, todos à minha volta gostam de desfilar as suas “donas carinas” , os seus “patrões hugos” e todos fabulosos campeões de compras de Tee shirts do tenente nas passereles das esquinas cor de rosa da capital. Será que percebem que não passam de grandes berskas

E, eu com a minha carteira furada, com a minha vergonha financeira de fora, com os meus trapinhos do C&A e os sapatos da feira de Carcavelos. Os outros, apenas querem esconder que são copias uns dos outros. Tão tesos como eu, passam fome, para ter dinheiro para os seus cremes anti rugas.

Mas onde é que há gente no mundo? Não é de certeza na fashion clinic.

Poderão nunca terem sido amados, Podem rir das traições dos outros, esquecendo-se das suas piscadelas de olho, ao rapaz do lado, nas casas de banho do Colombo…Mas na vida, nunca se sentiram ridículos ou fracos. Prefiro acreditar no amor, de ser frágil e estar fora de moda.

“E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza”. Apenas tenho sido humano, eu mesmo, igual a mim próprio.


2 comments:

Anonymous said...

Dále, coração! Bota isso pra fora! E é continuar, que se vai assim, vai muitíssimo bem!

Anonymous said...

Tomei conhecimento deste blog recentemente, por mérito de uma guerra que se bate a ível de taparueres... umas vezes agradado, outras nem tanto. Confesso: sou púdico. E irrita-me a libertinagem do mundo gay, que se assume não como um 'pode ser' mas sim como um 'deve ser' (vidé 'rock story_casa de banho_concerto' acima descrita). Acabamos por ser uma caricatura de nós próprios, dado que ser gay passa a ser sinónimo de tudo o resto que é frívolo e passageiro, desde o sexo casual, desde a escravidão da moda e do aspecto físico no geral. Falar em ser gay e ser traído é quase um pleonasmo tal é a escravatura do físico, seja a nível das sensações, seja a nível da mera imagem... cansa-me tudo isso e cansa-me ser um estereótipo, pois na verdade também quero ser homofóbico: não quero ser bixa, pertencente a um gueto, quero ser como todos os outros que amam, têm alguém e vivem com e para ele, independentemente do sexo.
No entanto este post tem o mérito de me reconciliar com a minha condição de gay, não no sentido de me sentir inferiorizado ou anormal, mas porque temo ser confundido com toda a torpeza e frivolidade do 'mundo gay' (seja o que isso for). Tu és gay, tu és sensível, tu queres algo real e desdenhas do que avaliam o mundo pela aparência. Gosto de pumas, mas não sou escravo delas, gosto de homens bonitos, mas apenas os quero para olhar. A verdadeira atracção sinto-a por aqueles que se sentem bem na sua pele, gordos e de sanjo nos pés. Um abraço