Sunday, 2 August 2009

Prato do dia: Pensamento heteronormativo, com um bocadinho de misoginia para apurar o cozinhado

Mas por que considera que ser homossexual é ter um comportamento de risco? A pergunta não devia ser: Fez sexo desprotegido, independentemente da orientação sexual?

Todos os dados apontam no sentido de haver uma maior liberalidade do comportamento das pessoas que têm sexo com outros homens. E vou evitar usar a palavra homossexual, porque parece que não é politicamente correcto. Por causa do politicamente correcto, quase nos falta palavras para usar. Não posso falar de selecção de dadores, que me chamam Hitler. Nós não temos absolutamente nada contra os homossexuais. A doação de sangue é feita sem olhar a religião, a partidos, a nada. É feita porque há pessoas que precisam dela. Todo o esforço tem que ser o de encontrar o melhor sangue. Mas então toda a Europa, todo o mundo está enganado? Países muito liberais, como a Holanda ou a Suécia, estão enganados quando dizem que esse comportamento é de risco?


Ora está claro. Os casais homossexuais são tão livres tão livres que até têm os mesmo direitos. Não percebo porque que é que se queixam.

Homens que têm sexo com homens são excluídos em toda a Europa?

São, excepto na Itália. É evidente que tudo é baseado na confidencialidade. O dador chega e são-lhe feitas perguntas que são muito embaraçosas para qualquer pessoa. Mas se a pessoa quer dar sangue, tem que fazer isto. Sabemos quais as situações de risco e temos que perguntar até chegarmos àquele ponto em que consideramos: tenho dúvidas. E, na dúvida, não aceitamos.


Ai ai ai... o embaraço de admitir que se é homossexual. Toda a gente sabe que as carrinhas de recolha de sangue são acompanhadas por carrinhas do Pingo Doce, cheias de vegetais fora do prazo, para que o vexame seja acompanhado de salada mista e apupos.

Qual é a pergunta que faz com que a exclusão seja pelo comportamento e não pelo facto de serem homossexuais. É-lhes perguntado se usam ou não preservativo?

Pode ser perguntado. Temos dezenas de médicos a fazer rastreios, cada um tem a sua técnica. É evidente que não podemos hostilizar o candidato, mas precisamos que tenha a certeza que não põe o receptor em perigo. Só seleccionamos o sangue que temos quase a garantia que é o melhor sangue.


Tarde demais. Diria que a exclusão à partida baseado em argumentos contraditórios é um acto hostil. E parvo.

Mas qual é exactamente comportamento de risco nos homossexuais que faz com que sejam excluídos?

Múltiplos parceiros, relações não protegidas, fazer sexo oral e anal.


Eu cá não me importava nada de ter múltiplos parceiros em relações não protegidas, mas infelizmente não tenho. Porque será? Ah, é verdade, senso comum. Esse exercício mental que parece ser ficção científica hoje em dia. Tal como um casal heterossexual fazer sexo oral e anal, igualmente ficção científica, quiçá mito urbano.

A história em contradições continua aqui, numa entrevista ao Dr Gabriel de Olim, Presidente do Instituto Português do Sangue, em plena roda viva de argumentos contraditórios com muito jogo de cintura semântico à mistura. As influências do Dr Olim são notórias...

3 comments:

TWolf said...

15 anos a dar sangue:
http://www.facebook.com/home.php#/photo.php?pid=2337916&id=735792296

Obrigado pela sua "preferência"...
;)

Nostromo said...

Caro TWolf,

Pode parecer incrível, porém não tenho facebook. D:

Existe por aí alguma alma caridosa que possa descrever o que se esconde atrás desse link ou talvez replicar aqui num comentário em ASCII art?

Édipo said...

O link é de uma foto do certificado de dador de sangue dele. ;-)